Banco Central divulga que pretende criar o real digital

Por Juliana Salazar

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Os benefícios e facilidades proporcionados pela inovação e tecnologia vão muito além do que se era imaginado há alguns anos, abordado e considerados somente em produções cinematográficas.

Já pensou em realizar compras no mercado e efetuar o pagamento sozinho, sem auxílio de funcionários e por carteiras digitais e PIX ou então programar para que a sua geladeira inteligente e dispositivo Alexa compre o que está faltando dentro da sua casa? Sim, esse será o nosso futuro bem próximo!

O Banco Central divulgou que pretende ampliar as formas de pagamento no Brasil através do real digital – nova moeda virtual brasileira. Para isso, eles já deram o primeiro passo ao abrir um laboratório para avaliar as possibilidades de uso, como também a capacidade de execução de projetos pelo real digital, com previsão de testes em grupos específicos já para o fim de 2022.

Apesar de uma data programada para esses testes iniciais, a chegada da moeda virtual pode demorar para estar totalmente disponível ao consumidor final. Isso porquê, para ser possível a sua utilização, o Banco Central precisa desenvolver um novo ambiente financeiro, garantindo toda a segurança e proteção para os usuários.

Para esclarecer esse ponto, o coordenador dos trabalhos do BC, Fabio Araujo, salientou em matéria da CNN que para ser disponibilizada essa funcionalidade, será necessário fazer mais um sistema financeiro para trabalhar acoplado ao que já está disponível hoje em dia.

Aspectos básicos sobre o real digital já foram estabelecidos, mas para que seja dado sequência em seu desenvolvimento é esperado o resultado do laboratório. Entretanto, o que pode ser revelado é que a morda virtual será semelhante ao real em papel que já conhecemos, mas com diferencial de ser usada somente em transações eletrônicas e armazenada em carteiras digitais de instituições financeiras, com objetivos de facilitar e baratear a criação de contratos de empréstimos personalizados, além de investir em integração com sistemas de pagamentos internacionais.

O projeto pretende modificar o mercado financeiro e ultrapassar as inovações proporcionadas pelo PIX ou qualquer modelo de transferência ao permitir movimentações do real na espera digital.

Para isso ser possível, muito provavelmente a tecnologia utilizada será o blockchain – usado em criptomoedas, mas que diferente do bitcoin e outras categorias de criptoativos, será controlado totalmente pelo Banco Central e reconhecida como moeda brasileira, com valor semelhante ao real convencional.

Por isso, o real digital vai ser diferente das criptomoedas mais conhecidas, pois elas são ativos e não consideradas moedas correntes que precisam ser convertidas por uma moeda convencional e com valor instável.

Fabio Araujo ainda salientou que “não estamos atrasados em relação a países que estão fazendo pagamentos de atacado e pagamentos instantâneos, porque já temos soluções e a CBDC (Moeda Digital do Banco Central) traria apenas ganhos marginais sobre elas. Então, temos tempo para desenvolver uma plataforma de pagamentos inteligentes e trazer inteligência do mercado cripto para dentro do ambiente de forma segura”.

Esse modelo de moeda virtual é encontrado em plena operação nas Bahamas por meio do sand dollar, outros bancos centrais também estão desenvolvendo projetos semelhantes. A China possui um piloto em funcionamento em algumas cidades e a Coreia, Suécia e Japão também estão avançados, mas todos esses projetos planejam resolver problemas do sistema de pagamento atual, como concentração de mercado ou ausência de pagamento instantâneo – diferente do Brasil, como foi pontuado pelo coordenador de trabalhos do BC.

Laboratório e pesquisas para o uso do CBDC

Para coletar informações sobre possíveis desenvolvimentos do real digital, um laboratório foi criado e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) abriu um grupo de trabalho para debater o real digital, através do auxílio de uma consultoria.

Nesse primeiro momento já foram encontradas 26 possibilidades de uso da moeda no mundo e 12 sendo aplicadas no cenário brasileiro, divididos em três grupos, sendo eles:

  1. Delivery versus pagamento – soluções que permitem o pagamento de uma encomenda em tempo imediato ao da entrega;
  2. Forma de pagamento atrelado à IoT – abrir possibilidades e facilidades com inteligência artificial e dispositivos inteligentes, como pagamentos automáticos através da Alexa, geladeiras inteligentes e muito mais por meio de máquinas capazes de tomar decisões para facilitar a rotina do mundo real;
  3. “tokenização” de investimentos tradicionais – investimentos representados em ambientes digitais e negociados por blockchain, permitido ser dividido em partes com valores acessíveis para brasileiros.

A instituição trabalhará mais profundamente sobre esses temas para saber qual seria o prioritário para as necessidades atuais dos usuários. A Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac) em parceria com o BC também abrirá durante os dias 10 de janeiro a 11 de fevereiro um edital para inscrição no laboratório de projetos ao real digital, para encontrar modelos de negócios que possibilitam oportunidades para o sistema financeiro e tenham capacidade de execução ao longo do processo.

Independentemente dos resultados, sabemos que essa novidade trará oportunidades de investimento e inovação importantes para o Brasil, transformando o nosso sistema financeiro e a maneira como fazemos pagamentos e negócios.




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