Crise política pode prejudicar investimento estrangeiro no país

Por Marcelo Fonseca

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Nos últimos dias, o mercado financeiro manifestou através de números suas preocupações com o futuro do Brasil após as declarações do presidente Jair Bolsonaro em manifestação do dia 7 de setembro – data que se comemorara o Dia da Independência do país.

Aplicando um discurso em tom de ameaça às instituições, além da sua baixa popularidade entre a população e o meio político, somado aos 136 pedidos de impeachment já apresentados à Câmara dos Deputados, a imagem da instabilidade política passa as fronteiras brasileiras e pode afastar investidores estrangeiros e prejudicar ainda mais o país que já enfrenta dificuldades como aumento dos combustíveis, inflação alta e persistente, crise hídrica e os efeitos sanitários e sociais da pandemia da Covid-19.

Após as manifestações políticas que apoiavam pautas inconstitucionais e as falas do presidente, o Ibovespa respondeu negativamente com a Bolsa fechando em queda de 3,78%, o dólar obteve uma valorização frente ao Real de 2,84%.

Com os efeitos negativos de seus atos e a pane que as declarações causaram no mercado, o presidente teve que se retratar após 2 dias das manifestações – alegando que as suas falas foram ditas no “calor do momento” e que não teve a intenção de agredir poderes. O recuo foi positivo para o mercado, após a divulgação da declaração o Ibovespa encerrou o pregão com valorização de 1,72%.

Entretanto, tudo aponta para que as recentes declarações não serão suficientes para amenizar a percepção de incerteza e insegurança dos investidores. O país que já vinha flertando a insustentabilidade fiscal, agora coloca definitivamente o risco institucional e do sistema político como um todo como algo factível.

O desentendimento entre os poderes, a falta de prioridades de pautas relevantes como as reformas e a instabilidade econômica interna não são favoráveis para o mercado e abre um alerta para investidores estrangeiros e, consequentemente, impede o crescimento e a valorização do país.

Investidores são muito suscetíveis aos noticiários e ao cenário, presenciar a instabilidade política e econômica, sem medidas à curto prazo de melhorias, pode colocar o Brasil na categoria de risco para investimento. Para embasar esse aspecto, o CDS (Credit Default Swap) – principal

indicador de risco do país – apresentou entre julho e agosto um crescimento no índice de mais de 20%.

Até as eleições, investidores podem acreditar que esse cenário continue conturbado. Além disso, pautas importantes que estão em discussão na Câmara e no Senado correm risco de serem deixadas de lado em razão das desavenças políticas, sendo elas as reformas tributária e administrativa, como citadas anteriormente, e a proposta de emenda Constitucional dos precatórios que está sendo analisada pelo STF – pontos esses que são extremamente esperados pelo mercado para a expectativa de crescimento econômico.

Como podemos observar, os resultados dos últimos dias afastam o investidor estrangeiro em um momento em que o país precisa de incentivos. Para que as previsões melhorem, é necessárias mudanças imediatas e favoráveis para o país e não para interesses pessoais e políticos como estamos presenciando atualmente.

Esperamos resultados melhores para os próximos meses, entretanto faltam somente um pouco mais de 3 meses para o ano terminar e 2022 será pautado pelas eleições presidenciais o que pode deixar essas questões em estado de espera ainda por mais algum tempo, o que não é de maneira nenhuma interessante para o Brasil.




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