Setor de transportes é o mais atingido pelo aumento dos combustíveis e interfere nos demais setores da economia

Por Andre Bueno

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Os efeitos da guerra entre a Rússia e Ucrânia fizeram com que a Petrobras realizasse reajustes na gasolina, diesel e gás de cozinha entre 18% e 25% em média na primeira quinzena do mês de março. Esse aumento impactará diversos setores da economia, principalmente a área de transportes em geral e os segmentos que dependem desse setor para manter a sua produção.

Conforme a 12ª edição da Pesquisa de Impacto da Pandemia dos Pequenos Negócios – em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) – 63% dos microempreendedores individuais (MEI) e 61% das micro e pequenas empresas são impactadas diretamente com o aumento dos gastos com combustíveis. Os dados são baseados em custos com transporte de insumos e mercadorias e, junto com despesas de gás e energia elétrica, os números sobem para 75% para MEI e 77% para as PMEs, respectivamente.

O e-commerce é a atividade que mais movimenta esses negócios e, apesar das vendas pela internet terem aumentado nos últimos anos, micro e pequenas empresas, além dos consumidores, devem se preparar para o crescimento dos custos dos fretes, acarretando um potencial risco de queda nas vendas pela possível diminuição dos pedidos por produtos online em decorrência de aumentos generalizados de preços.

Em comentário sobre o resultado da pesquisa, o analista de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae, Weniston Ricardo, destaca que o empreendedor deve analisar o impacto do aumento dos combustíveis em seus negócios e considerar se o cliente vai conseguir absorver esse aumento caso ele for repassado para o preço final dos produtos ou serviços.

Ao repassar os custos com transporte e frete em seus produtos, empreendedores correm o risco de perder clientes e passar por instabilidade financeira. O especialista ainda pondera que empreendedores devem considerar a possibilidade de reduzir a margem de lucro por algum tempo, absorvendo parte do reajuste, para segurar e fidelizar clientes durante esse período instável, além de considerar outros elementos viáveis de redução para compensar a alta ou substituir o custo do combustível por outro de menor impacto. Nas grandes cidades já se vê circulando pelas ruas entregadores usando bicicletas, bem como empresas fazendo entregas com veículos elétricos, em uma abordagem mais “verde” e que neste cenário, não há impacto do aumento dos combustíveis. Por outro lado, uma migração agressiva para esta modalidade de

entrega pode também gerar aumento de preços, ou seja, a avaliação de modelo de operação passa por uma análise mais ampla.

Se para o setor de vendas online a situação estava favorável antes do anúncio da alta dos combustíveis, a área de transportes já enfrentava um período longo de recuo econômico que poderá ser ainda mais crítico e afetar setores, como abordado anteriormente.

O Conselho Nacional de Estudos em Transporte da NT&C Logística (Conet) manifestou em nota as suas preocupações com o cenário e ressaltou a necessidade do setor de reajustar o preço do frete em até 29%.

De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o Brasil possui cerca de 1 milhão de transportadoras, segmentadas em transportes autônomos de carga, empresas de transporte rodoviário e cooperativas de transporte, com frota que ultrapassa 2 milhões de veículos registrados que serão atingidos pelo aumento dos combustíveis.

Ainda que a pesquisa não tenha abordado o setor aéreo, este é outro que também deverá reajustar os preços de fretes aéreos e passagens aéreas, em decorrência do aumento do custo do querosene de aviação, que representa cerca de 30% do custo operacional de uma companhia aérea.

Consequentemente, o consumidor final será o mais impactado ao ver os efeitos serem repassados aos preços, aumentando de forma relevante seus custos e seus hábitos de consumo.




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