A queda da Selic e o investimento privado

Por Marcelo Fonseca

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O comitê de política monetária – COPOM, em sua reunião de 18 de setembro, reduziu a Selic para 5,50% ao ano. Os membros do COPOM entendem que o cenário é positivo para estímulos monetários adicionais, mesmo quando levadas em conta simulações com câmbio mais depreciado, por exemplo. Os patamares de desemprego e ociosidade explicam boa parte do espaço para redução da Selic nos últimos meses e os agentes de mercado já estimam que a taxa Selic poderá ficar abaixo dos 5% ao final de 2019.

Contudo, como explicar a letargia da atividade econômica frente aos estímulos monetários do BC? Porque o investimento, que guarda relação com a taxa de juros, não reage? Mesmo levando-se em consideração o hiato de tempo entre a decisão de cortar os juros e seu impacto econômico, já poderíamos observar o aumento dos investimentos privados. Ocorre que ainda estamos patinando, com crescimento do PIB projetado para 0,80% em 2019. Muito pouco para absorver a massa de desempregados e desalentados.

Mais do que nunca o investimento privado será função do investimento público em infraestrutura, educação, segurança e saúde. A incapacidade latente do setor público em atender a estas necessidades é reflexo da deterioração das contas públicas, da baixa capacidade de investir. Entrando nesta lógica a agenda de reformas, que seria a forma de sinalizar ao setor privado que as contas do governo são sustentáveis, que a inflação não será utilizada para “ajustar” o déficit, que os impostos não serão elevados no futuro para fechar as contas.
Caso o nó das contas públicas não seja desfeito, incluindo-se estados e municípios, o crescimento privado não atingirá os níveis necessários para apoiar a retomada do crescimento econômico. É primordial que o setor público retome sua capacidade de investir, sobretudo em infraestrutura, para que os recursos refluam para novos projetos de investimento.

Marcelo Fonseca – Economista é Partner na HLB Brasil.




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