Da Abundância de Capital Para o Dinheiro Seletivo: Reflexões Sobre o Cenário Atual

Por Luiz Fleury

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Os desafios macroeconômicos têm sido intensificados por vários fatores globais, como a pandemia, a desorganização da cadeia produtiva e energética potencializada pela guerra, e a recuperação econômica mundial lenta. Isso tem gerado impactos significativos, como inflação generalizada, que tem sido combatida com políticas monetárias mais restritivas, incluindo aumentos nas taxas de juros. No contexto, muitos players foram surpreendidos por essas mudanças no cenário e afetados negativamente.

Embora haja aumento na inadimplência e pedidos de recuperação judicial, não é provável que ocorra uma crise generalizada de crédito no Brasil, embora os riscos não possam ser descartados. Ademais, a perspectiva para o mercado de fusões e aquisições (M&A) é construtivista em comparação com o ano de 2022, principalmente a partir do segundo semestre, embora não se espere um ano excepcional.

A menos que ocorra algo como um evento altamente imprevisível, o cenário de funding no Brasil está caracterizado pelo aumento nos custos dos recursos e pela dificuldade de renovação de dívidas de empresas com margens operacionais estreitas ou com elevada alavancagem.

Além disso, operações mais agressivas de crédito ou mesmo estruturadas num momento que exigia menor cuidado dos investidores ou visão setorial totalmente diferente, deverão ter que ser reorganizadas. No entanto, é improvável que ocorra uma crise de liquidez real, ou seja, uma corrida bancária ou algo do gênero, devido à preparação das principais instituições financeiras brasileiras para enfrentar crises, regulação rigorosa, índices de Basileia satisfatórios em comparação com outros países e ALM (Asset Liability Management) com controles de risco de mercado e liquidez.

Como visto no passado, empresas consolidadas com bons fundamentos devem ter acesso ao capital necessário, mas as empresas menores e aquelas com um modelo de "cash burn" enfrentarão dificuldades.

Apesar da turbulência, podemos encontrar novas possibilidades?

Com o aumento do custo do dinheiro global, as restrições de crédito, a economia com crescimento tímido e a inflação, surgirão oportunidades específicas. Nossa visão é que as operações estruturadas de dívida continuarão com garantias adicionais e os nomes mais óbvios terão acesso a capital. Os principais deals de M&A deverão ser de players estratégicos que buscam negócios complementares e que tragam mais eficiência além de fundos mais agressivos.

Dessa forma, empresas que já estão estabelecidas e possuem acesso a capital poderão aproveitar oportunidades para adquirir empresas em dificuldades e ativos não essenciais de terceiros de forma oportunista. Apesar de toda a incerteza, que pode dificultar a negociação de um preço justo para vendedores e investidores, os negócios serão realizados, onde a necessidade de eficiência, a exploração de novos mercados e a maximização dos custos operacionais devem prevalecer.

O Brasil tem despertado cada vez mais interesse de setores específicos e empresas globais devido à sua capacidade interna, posicionamento e perspectivas de longo prazo.

No entanto, a confiança do mercado internacional no Brasil está diretamente relacionada às políticas fiscais e regulatórias a serem implementadas pelo novo governo. Se forem adotadas medidas contundentes e efetivas nesse sentido, como a melhoria da estabilidade econômica e a implementação de reformas estruturais, o país pode se tornar uma alternativa geopolítica estratégica para empresas estrangeiras de forma ainda mais contundente.

Tanto players locais como internacionais, devem continuar visando transações que englobam as áreas de tecnologia, saúde, F&B (alimentos e bebidas), agronegócio, educação e serviços financeiros. Além disso, setores como energia, varejo, imobiliário e mineração também podem ter um desempenho relevante em 2023.

Portanto, os empresários devem estar preparados para vender seus negócios ou captar recursos de terceiros diante do cenário incerto. Isso inclui ter controle do caixa no curto prazo, estratégia de médio prazo, entender o valor do negócio e objetivos de crescimento. Melhorias operacionais/financeiras, avaliação da equipe e contingências podem aumentar o valor e tornar a transação viável.

Crises são comuns e requerem soluções criativas. Um olhar externo e especializado pode auxiliar empresas e CFOs a encontrar soluções menos convencionais e implementar melhorias, caso necessário, baseadas em conhecimento técnico financeiro e experiência em transações.

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