PIB: Brasil deixa de ser uma das maiores economias do mundo
Por Marcelo Fonseca
Conforme estudo apresentado pelos pesquisadores e economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marcel Balassiano e Claudio Considera, o Brasil pode deixar o ranking dos 10 países com maiores PIBs (Produto Interno Bruto) em 2020.
Através de dados retirados do Fundo Monetário Internacional (FMI), os pesquisadores apontam que o Brasil passará a ocupar a 12ᵃ posição sendo ultrapassado pelo Canadá, pela Coreia do Sul e pela Rússia.
De acordo com o estudo, em dólar, o PIB brasileiro passaria de U$$ 1,8 trilhão do ano passado ─ equivalente a R$ 7,1 trilhões em 2019 e R$ 9,6 trilhões em 2020 ─ para U$$ 1,4 trilhão neste ano, correspondendo a R$ 7,182 trilhões na cotação média.
Mesmo com a crise econômica gerada pela pandemia da COVID-19 ser um ponto favorável para este resultado, o fator não é o único motivo. O declínio ocorreu, sobretudo, pela forte desvalorização cambial do real em comparação ao dólar americano, passando dos 40%.
Apesar da propagação da doença, segundo o estudo, as perspectivas da queda do Brasil no ranking já eram esperadas ─ com a década atual sendo a de pior desempenho dos últimos 120 anos e crescimento nulo entre o período de 2011 a 2020. O país, que já se encontrava em uma situação delicada antes do coronavírus, enfrenta incertezas com relação a sustentabilidade de sua dívida pública, especula sobre os impactos do fim dos programas sociais de auxílio emergencial e segue patinando quanto às reformas tributária e administrativa, aumentando a incerteza com impactos sobre o câmbio e a inflação.
No ranking podemos encontrar na liderança os Estados Unidos (US$ 20,8 trilhões), seguido pela China (US$ 15,2 trilhões), Japão (US$ 4,9 trilhões), Alemanha (US$ 3,8 trilhões), Reino Unido (US$ 2,6 trilhões), Índia (US$ 2,6 trilhões), França (US$ 2,6 trilhões), Itália (US$ 1,8 trilhão), Canadá (US$ 1,6 trilhão) e Coreia do Sul (US$ 1,6 trilhão) fechando o top 10.
Porém, apesar da queda em valores nominais, na métrica do PIB por Paridade de Poder de Compra (PPC), o Brasil deve alcançar duas posições acima ─ saindo da 10 ᵃ posição para a 8 ᵃ e ultrapassando o Reino Unido e a França.
A diferença entre as duas classificações, ocorre em razão do cálculo nominal ser determinado levando em conta o câmbio, já o PPC não realiza esta estimativa, o que gera melhores resultados.
Apesar de se manter em uma posição favorável por PPC, o Brasil não recupera a posição que mantinha em 2011 quando pertencia ao 7° maior PIB do mundo em valores nominais e por Paridade por Poder de Compra.
Entretanto, as perspectivas de uma recuperação econômica ainda permanecem. Segundo o Ministério da Economia, as estimativas de acrescimento do PIB para o próximo ano ficam em torno dos 3,2%, apresentando dados otimistas apesar dos últimos indicativos.
Marcelo Fonseca é sócio e economista da HLB Brasil.
