Banco Central e CNC apontam riscos na economia e endividamento das famílias com a pandemia

Por Marcelo Fonseca

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Os impactos da pandemia da Covid-19 atingiram diversos setores da economia e as famílias no Brasil e ao redor do mundo, trazendo dificuldades financeiras e de recuperação rápida apesar das medidas de ajuda oferecidas, como auxílio emergencial, programa de redução de jornada e salário e de incentivos.

Conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) apresentada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), houve um aumento considerável de famílias endividadas no mês de março – atingindo o segundo maior patamar em 11 anos – o que reflete a retração econômica causada pela pandemia e seu impacto sobre a queda da renda e elevação do desemprego, levando as famílias a aumentar seu endividamento como forma de complementar seu nível de renda.

Ainda de acordo com a pesquisa, a fração de famílias endividadas ficou em torno de 67,3% – no mês de fevereiro esse número era de 66,7%. Segundo a CNC, esse resultado é o segundo maior na proporção de séries históricas do Índice iniciado em janeiro de 2010, ficando abaixo somente do percentual apurado em agosto de 2020 que atingiu 67,5%.

Porém, conforme apuração da entidade, as famílias endividadas que possuem débitos em atraso ficaram com percentual em torno de 24,4% e as que possuem atraso nas dívidas sem condições de quitação em 10,5%, resultado acima do observado no mesmo período de 2020.

Nessa mesma linha de preocupação com as consequências atuais e futuras da pandemia da Covid-19, o Banco Central – através do Relatório Semestral para a América Latina e Caribe – divulgou que a projeção da expansão da economia brasileira deve ser de apenas 3% em 2021, alertando ainda para as consequências da pandemia sobre o aumento da desigualdade dentro do país.

No relatório também foi apresentado estimativas da queda do desempenho no Brasil em relação ao crescimento previsto para outros países latino-americanos, como México (4,5%), Chile (5,5%) e Colômbia (5%). Na média geral entre os países da América Latina e do Caribe o Banco Mundial prevê expansão de 4,4%.

Os dados apresentados pelo PEIC somente ressaltam a preocupação apresentada pelo relatório do Banco Central sobre o impacto prolongado na pandemia sobre a economia do Brasil e outros países, podendo trazer um alto endividamento público e privado, menos empregos, falta de investimento e, consequentemente, queda generalizada da renda – gerando pressão sobre o setor financeiro e retardando cada vez mais as expectativas de recuperação sustentável da economia.

Marcelo Fonseca é sócio e economista da HLB Brasil




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